quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Diário da Noite, 05 de Junho de 1950

WAGNER EM FRANCÊS

Raoul Jobin, canadense-francês, natural de Quebec, é considerado como um tenor lírico de raros predicados. Alguns críticos o classificaram entre os maiores tenores da atualidade. Iniciou, Raoul Jobin, seus estudos aos dezoito anos e aos vinte e dois partiu para a Europa, tendo estreado dezoito meses mais tarde na ópera Werther, de Massenet. Em 1940 maravilhou os freqüentadores do Metropolitano, de Nova York, com a sua soberba interpretação, no papel de Des Grieux, da Manon. Daí para cá os americanos passaram a considerá-lo o maior tenor lírico francês.

O jovem tenor franco-canadense já esteve no Brasil, não faz muito, participando da temporada lírica oficial da capital da República. Os cariocas apreciadores da arte lírica, não lhe regatearam aplausos. Temos em mão um disco gravado por Raoul Jobin. Trata-se de gravações Columbia (francesa), de nºLFX-844, nas quais foram gravadas as seguintes páginas de Richard Wagner: Recit Du Graal, da ópera Lohengrin; e Air de La Forge, da ópera Siegfried.

Raoul Jobin
Acompanha o tenor francês, nesse disco, a Orquestra de l’Opera, sob a regência de Louis Fourestier. A Narrativa de Lohengrin (Aux Bords Lointains) ocorre na segunda cena do terceiro ato, quando Lohengrin revela a sua identidade, dizendo ser filho de Parsifal, Rei do Graal. Este é, talvez, o mais lindo trecho de uma ópera cheia de poesia e beleza.

A Ária da Forja, na terceira cena do primeiro ato, é cantada por Siegfried, enquanto forja a espada Nothung, que deverá abater o dragão Fafuer.

Essas duas páginas, uma romântica, de terna poesia, a outra vibrante e heróica, encontraram e Raoul Jobin um intérprete brilhante, capaz de satisfazer os mais exigentes apreciadores da música wagneriana. A gravação é recente e foi executada pela Columbia no próprio Theatre des Champs Elisées, considerada uma das mais notáveis obras de arquitetura acústica, nos proporcionando assim um disco de alto nível de fidelidade e equilíbrio.

Pelo exposto, esse disco da Columbia francesa se recomenda por si próprio.

A gravação original, francesa, de Jobin e Fourestier
Na foto: André Kostelanetz é um dos mais festejados regentes em todo o mundo. O disco transporta as suas maravilhosas orquestrações para todos os cantos da terra. Até na Rússia as suas “fantasias” são admiradas. No suplemento Columbia, para julho, o conjunto orquestral do marido de Lily Pons está presente com duas Polonaises, de Chopin: a nº3, op. 40, nº1, mais conhecida por Militar, e a nº6, op. 53 (Heróica), em magníficos arranjos.

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