sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Diário da Noite, 07 de Julho de 1950

VOCALISTA FRANCO-CANADENSE

Já tivemos ocasião, não há muito, de traçar aqui o perfil artístico de Jean Cavall, o admirado vocalista franco-canadense, tão aplaudido nos Estados Unidos e no Canadá, como na França e na Inglaterra. É que Jean Cavall, além de possuir uma voz bastante interessante e escolher, quase sempre, músicas românticas para incluir em seu repertório, tem a particularidade de cantar as melodias em francês e em inglês. A maioria das suas gravações, assim, são feitas nos dois idiomas, processo esse, aliás, que já está sendo usado por outros artistas. Ainda há pouco, por exemplo, Carlos Ramirez fez uma série de gravações cantando em inglês e castelhano. Marta, Uno e Caminemos são exemplos típicos.

Em quase todos os seus discos, Jean Cavall se faz acompanhar pelo conjunto de Phillip Green,[1] talvez a mais homogênea das orquestras populares do Canadá. Aliás, é natural que o jovem vocalista tenha essa preocupação, pois Phillip Green, além de ser regente de largos recursos, é orquestrador dos mais capazes, embelezando, destarte, os discos nos quais atua com Jean Cavall na parte vocal.

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Temos em mãos dois discos de “His Master’s Voice” em que o festejado cantor e a aludida orquestra intervêm, interpretando: Clopin Clopant, Perhaps, Perhaps, Perhaps, Teresa e Tu M’Apendras. Na primeira dessas gravações, Cavall atua de acordo com o seu estilo habitual, ou seja, cantando em francês e inglês. Nas duas seguintes ele vocaliza apenas em inglês. Na última, canta somente em francês. Perhaps, Perhaps, Perhaps, como o próprio nome está a indicar, é a versão canadense do bolero de Osvaldo Farrés, Quizás, Quizás, Quizás, por sinal magnificamente vocalizado por Cavall. De todas essas gravações, entretanto, impressionou-nos mais a de Teresa, pela beleza da composição, pela limpidez da gravação, pela interpretação do artista e, finalmente, pelo excelente acompanhamento do conjunto de Phillip Green, na execução de um arranjo digno dos melhores elogios.

Elvira Rios
Das gravações propriamente ditas, nada há que dizer, pois são da “His Master’s Voice”, como dissemos, feitas, portanto, na Inglaterra com o melhor e mais moderno material, o que imprime no seu produto um padrão elevado e digno de confiança.

Na foto: Outra artista, ao que parece, esquecida pelas gravadoras é Elvira Rios. Já faz tempo que os seus discos não surgem nas listas de novidades. Pelo visto, os discos de Elvira não despertam interesse comercial que, afinal, é o que pesa na balança das gravadoras.


[1] No texto está “Phillip Grass”, cuja referência não encontrei em lugar nenhum, então imagino que J. se equivocou. Se esse “Phillip Grass” de fato existe, retifico o post.

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