sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Diário da Noite, 12 de Julho de 1950

UM BOM SEXTETO

Procurou-nos, há poucos dias, o Sr. Osvaldo Norton, chefe de um sexteto de ritmo argentino, atualmente nesta Capital, cumprindo contrato com uma boate. O jovem band leader ofertou-nos, com amável dedicatória, um disco com gravações do seu conjunto, executadas há poucos meses na Argentina sob a responsabilidade da etiqueta Odeon.

O conjunto do Sr. Osvaldo Norton, como se sabe, executa peças tipicamente dançantes. As gravações do seu sexteto, portanto, são ideais para os salões de baile. O disco que ele nos ofertou não foge à regra. Ali estão gravadas duas páginas essencialmente dançantes: En un Barco Lento a la China e Rica Pulpa. O fox de Frank Loesser foi otimamente tratado pelo pequeno conjunto, notando-se que o chefe da orquestra se preocupou mais que com qualquer outra coisa, em imprimir à partitura um ritmo bem marcado, a fim de satisfazer aos anseios dos bailarinos impenitentes. A orquestração dá destaque ao clarinete, soprado por Barbieri,[1] que, no conjunto é, também, responsável pelo sax-tenor, e ao vibrafone do próprio Sr. Norton. A vocalização de Teddy, crooner do conjunto, não deixa de ser interessante. Digna de observação ainda a marcação do compasso, feita pelo contrabaixo de Quintela.[2]

Eliseo Grenet
Na face oposta do disco, a rumba de Eliseo Grenet, Rica Pulpa, muito divulgada em todo o mundo depois que Carlos Ramirez a gravou. Gostamos imensamente do solo de piano executado por Luch, quase ao meio da gravação, quando lhe é permitido o destaque. Superior em todos os sentidos. Foi encarregado da parte vocal Jorge Belmar. Não está mal. Esforça-se por chegar até o último sulco com segurança, conseguindo-o. O finalzinho é que nos pareceu forçado. A impressão que se tem é de que Rica Pulpa, em face da sua vibrante movimentação, não é a página ideal para a esquisita voz de Belmar. Afora isso, o sexteto em peso – composto por Norton, ao vibrafone; Luch, ao piano; Quintela, ao contrabaixo; Teddy, à guitarra elétrica; Macias à bateria e Barbieri ao clarinete e ao sax-tenor – esparramou-se a valer, como, aliás, o permite a composição de Eliseo Grenet. Aquele encaixe do trecho da Rapsódia Húngara nº2, de Lizst, não deixa de ser curioso, embora bizarro.

O disco é de fabricação da Odeon argentina. Bom material e muito bem apresentado. A edição nacional desse disco só daqui a alguns meses será possível.

Casa Roberto Gordon

OSVALDO NORTON

Osvaldo Norton e seu sexteto, apesar de figurar na lista de novidades da Odeon para o mês corrente, com El Manisero e Pálida Canción, já executou, na Argentina, um punhado de novas gravações, entre as quais a que focalizamos em nossa nota de hoje.


[1] Mario Barbieri, tio do conhecido saxofonista Leandro “Gato” Barbieri”.
[2] Infelizmente não consegui achar, até o momento, referências seguras de todos esses músicos, Quintela, Luch, Belmar e Macias para poder incluí-los no índice.

Nenhum comentário:

Postar um comentário