terça-feira, 19 de novembro de 2013

Diário da Noite, 12 de Maio de 1950

NOVO CARUSO

Graças à sua privilegiada voz de tenor, aliada a um físico privilegiado, um novo cantor está conquistando, nos Estados Unidos, verdadeira legião de fãs. Além disso, é jovem, pois conta, atualmente, vinte e sete anos de idade. Dentro de pouco tempo, graças ao rádio, o cinema e o disco – pois já está preso sob contrato com a RCA Victor – os seus admiradores se espalharão pelo mundo inteiro. No cinema é artista da Metro, já tendo filmado That Midnight Kiss.

Chama-se esse jovem vocalista, considerado um segundo Caruso por Serge Koussevitzky, ex-regente da Sinfônica de Boston, seu descobridor, Alfred Arnold Cocozza. Entretanto, vai ser conhecido artisticamente, em todo o mundo, por Mario Lanza, nome que tomou emprestado à sua progenitora – Maria Lanza – quando solteira, para usá-lo nos domínios da arte.

Mario Lanza, cujas gravações, não demorará muito, estarão por aqui, juntamente com o filme em apreço, já recebeu o honroso convite de Victor de Sabata, regente do famoso Scala, de Milão, para participar de uma temporada lírica ali. Todavia, os seus compromissos cinematográficos não o permitiram. Mas tão logo as cláusulas contratuais o permitirem, Mario Lanza participará dos grandiosos espetáculos daquela famosa e tradicional casa de espetáculos de arte. Aliás, Victor de Sabata a impressionou-se de tal forma com a voz do jovem tenor, que faz empenho em apresentá-lo ao exigente público de Milão.

Um dos mais recentes êxitos de Lanza, no disco é a Mattinata, de Leoncavallo, gravada para a Victor. Diz a crítica estrangeira que se trata de uma das mais perfeitas gravações da imortal página do grande mestre peninsular, quer no que diz respeito à parte técnica, quer no acompanhamento orquestral e, sobretudo, na parte interpretativa.

Mario Lanza
Não temos elementos para apreciar esse disco, porquanto foi lançado em Nova York no princípio deste mês. Todavia, tão logo ele nos chegue às mãos, em edição nacional ou pela edição original, opinaremos sobre ele. A julgar pelas apreciações dos críticos de Nova York, entretanto, vale a pena aguardá-lo.

Na foto: Já tivemos ocasião de nos referir à forte equipe de boleristas da Odeon, encabeçada por Gregorio Barrios e Fernando Albuerne. Eduardo Farrel é a última conquista do famoso selo. Muito jovem, falta-lhe ainda amadurecimento na técnica de gravar. Por isso, sem desmerecer a sua voz, que promete, é o mais fraco dos boleristas da equipe. Todavia, como dissemos, com um pouco mais de experiência, o jovem vocalista argentino poderá conquistar honroso posto na variada constelação daquela gravadora. Farrel, que esteve recentemente em São Paulo, encontra-se no Rio, atuando numa emissora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário