quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Diário da Noite, 14 de Junho de 1950

SOLO DE PIANO

A Continental lançará em seu próximo suplemento um disco em que é apresentado um solista de piano digno de atenção do discófilo. Ele se nos apresenta acompanhado por conjunto de ritmo, executando dois solos: Madrigal, valsa de autoria de Aurélio Cavalcanti, e Tocantins, um choro que leva a assinatura de José Rebelo da Silva.

Não interessa a fonte onde conseguimos a informação; mas vamos cometer uma indiscreção, ao revelar o verdadeiro nome desse notável pianista que a etiqueta Continental apresenta laconicamente com o pseudônimo de “Vero”. Pois esse solista, modestamente escondido sob aquele pseudônimo é, na verdade, o aplaudido maestro Radamés Gnatalli, que tão lindas orquestrações tem proporcionado a um sem número de melodias brasileiras.

Ora, tratando-se de dois solos executados por uma figura como a de Radamés Gnatalli, que além de regente dos mais capazes e orquestrador abalizadíssimo, é pianista de raros predicados, está claro que o disco, artisticamente, teria que sair perfeito. A interpretação que “Vero” empresta à valsa de Aurélio Cavalcanti é, assim, sentida, vivaz às vezes, mas sempre agradável, notando-se um “que” de modernismo, com matizes de estilo todo especial.

Radamés Gnatalli
No chorinho Tocantins, Gnatalli demonstra cabalmente a sua agilidade e a sua técnica superior, interpretando com maestria a composição de José Rebelo da Silva. Ademais, tanto a valsa quanto o choro são partituras muito bonitinhas; tratadas pela sensibilidade de Radamés, ganharam muito em melodiosidade.

Por seu turno, o conjunto de ritmo brilhou. Secundou discretamente o solista na face da valsa, sobressaindo-se no chorinho, onde, então, esteve à vontade.

Não sabemos se “Vero” executou essa gravação por simples experiência ou se continuará gravando. É de esperar-se, todavia, que outras gravações suas sejam executadas. Infelizmente, o repertório pianístico popular continua muito fraco. Afora as gravações de Carolina Cardoso de Menezes, que são reduzidíssimas, e as de Mário de Azevedo não temos outras, dignas de nota. Assim, “Vero”, com seus discos, virá engrandecer e honrar o reduzido repertório pianístico popular brasileiro.

Trata-se de um disco, portanto, que se recomenda por si próprio.

Diário da Noite, 19/6/50 - Clique para ver em alta resolução
Na foto: Império Argentina, em espaço diminuto de tempo, conquistou o público brasileiro. Intérprete das mais aplaudidas das melodias de Espanha, seus discos, por isso mesmo, são disputados pelos seus fãs incondicionais. Ao que soubemos, a notável vocalista de Los Piconeros, atualmente na Argentina, pretende realizar uma turnê no Brasil, estreando em São Paulo. Assim, seus admiradores, entre os quais nos incluímos, e que a conhecem apenas através do disco e dos seus poucos filmes, terão ocasião de admirá-la pessoalmente. Seu último sucesso, no disco, para a etiqueta Odeon, da qual é artista exclusiva, foi Olé Catapum.

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