sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Diário da Noite, 15 de Julho de 1950

NOVIDADES

As firmas gravadoras já começaram a receber as listas e as provas das novidades a serem lançadas no próximo mês de agosto. É com satisfação que observamos que a música nacional está dignamente representada, pelo menos em quantidade. É de esperar-se que o sejam, também, em qualidade. Algumas provas que já ouvimos nos deram boa impressão. Mas vamos às novidades: a Odeon promete, por exemplo, Hebe Camargo, a estrelinha associada, cantando Oh! José e Quem Foi que Disse?, dois magníficos sambas, aliás, já comentados nesta coluna; Fernando Barreto, também cantando dois sambas, Homenagem e Companheira; Dircinha Batista, ainda com dois sambas, valorizados pela assinatura famosa de Ary Barroso: Chama-se João e Na Batucada da Vida, este com uma letra terrível, quase imoral, de Luiz Peixoto; Wilson Roberto, cantando Brasil Romântico, um bom samba, e Amor e Mais Amor, versão brasileira do divulgadíssimo bolero de Bobby Capo; os Trigêmeos Vocalistas, com o seu estilo habitual, cantando o afro-brasileiro Ogum Nilê e a valsa Há Passado; Jorge Fernandes, nas canções folclóricas Engenhos de Minha Terra e Vaquejada; e, finalmente, Raul de Barros, com o seu trombone, tendo na parte vocal, Violeta Cavalcante, nos choros Parabéns Para Você e Faísca. Há ainda no suplemento da gravadora da rua da Liberdade a programação de um disco que esperamos com a mais viva ansiedade: Sinfonia do Guarani, de Carlos Gomes, em duas faces, com Heriberto Muraro ao piano, acompanhado de grande orquestra, dirigida pelo maestro Francisco Mignone.

Os Trigêmeos Vocalistas
Por seu lado, a Continental, também sempre farta em produções nacionais, programou uma porção de gravações com artistas brasileiros, cuja relação ainda não obtivemos mas que, se adianta, ser bastante variada.

A Victor, cuja lista de melodias para agosto ainda não foi elaborada, ao que supomos, prepara, segundo informações que colhemos, um bom suplemento de novidades nacionais, desta vez bem cuidado, com composições selecionadas com rigor e caprichosamente orquestradas. Vamos aguardar.

A Capitol, cuja fábrica nacional vem de ser inaugurada na capital da República, e que vai constituir séria concorrente para as demais gravadoras há muito tempo instaladas no Brasil, pela propaganda que já iniciou através do rádio e da imprensa, vai caprichar, com o máximo rigor, o seu suplemento nacional. Para agosto, por exemplo, ao que se adianta, os melhores lançamentos nacionais serão da Capitol. Será mesmo? Que fiquem de sobreaviso a Odeon, a Victor, a Continental e a Elite, já que a Star continua capengando. E por falar na Elite, também a nova e simpática etiqueta tem gratas surpresas, no campo musical nacional, para o mês vindouro.

Casa Roberto Gordon

Como se vê, o próximo mês promete, no campo do disco. Haja dinheiro para se gastar...


Na foto: Carmen Miranda está figurando na lista avançada da Odeon, em sua parte internacional, com um disco no qual se acha gravado, numa das faces, o Baião, de Luiz Gonzaga. Ouvimos a prova desse Baião, cantado pela ex-“garota notável”. Que coisa horrível, santo Deus! Por cúmulo do azar, ainda intervém as Irmãs Andrews para tornar a gravação mais barulhenta. O que a nossa querida Carmen tão estragadinha pelos americanos, canta, pode ser tudo, menos o delicioso Baião, de Luiz Gonzaga. Como o espírito infantil dos norte-americanos aceita tudo de bom grado, é possível que o tal “Baião” seja lá Estados Unidos um grande sucesso. Aqui, porém, valerá apenas como simples curiosidade.

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