segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Diário da Noite, 18 de Abril de 1950

COISAS NOSSAS

Um dos grandes sucessos do famoso gaitista patrício Edú é esse Capricho Nordestino, em duas partes, gravado pela Continental. Os mais conhecidos temas dos baiões de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira foram utilizados pelo Mago da Gaita nessa bonita composição. Possui a partitura dificuldades sem conta para o solista. Edú, que é, realmente, um autêntico virtuose da gaita, consegue superar com brilhantismo os tropeços da composição...

Além disso, Edú se dá ao luxo de procurar efeitos inéditos, de muito bom gosto, aliás, que enfeitam muito a gravação. Muito bom o acompanhamento da “grande orquestra” (mais uma vez é omitido, no selo, o nome do conjunto). Os apreciadores da harmônica de boca e os que gostam de apreciar as grandes execuções não devem perder esse disco.

Outro solista da Continental é Pedro Raymundo. Com a diferença que a sua harmônica é de fole, ou melhor, é uma sanfona. A gravação é também em duas partes e se intitula Festa na Fazenda. Pedro Raymundo e sua sanfona são muito apreciados no interior. Seus discos, na hinterlência, obtêm largas vendas. Nas cidades, porém, ninguém toma conhecimento da sanfona e do sanfonista. Assim, o sucesso dessa gravação só será possível no interior. Os fãs da roça, entretanto, ficarão satisfeitos com essa Festa na Fazenda.

Pedro Raymundo
Um novo trio, formado pelos cantores Paulo Tapajós, Nuno Roland e Albertinho Fontoura, gravou para a etiqueta dos três sininhos duas peças regionais: Segura a Saia, Iaiá e Catirina. Ambas muito curiosas e muito bem apresentadas pelo trio que foi batizado de “Trio Melodia”. Catirina, um rojão de Jararaca, em nossa opinião, é a face mais agradável. Nada se poderá dizer do acompanhamento, que se portou com discrição.

Na foto: Eis o famoso Xavier Cugat, “o amigo da onça da Música Popular Brasileira nos Estados Unidos”, conforme o classificou um crítico. De fato, o famoso chefe de orquestra cubano, tem levantado, nos Estados Unidos, os maiores obstáculos às músicas e aos artistas brasileiros. Ciúmes? Talvez. O que é certo é que ele não topa o nosso samba nem com açúcar. Tem aberto exceções às músicas de Ary Barroso, mas as transforma em rumbas, boleros e guarachas... Como conjunto característico, porém, como se sabe, é dos melhores. Grava para a Columbia.

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