quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Diário da Noite, 19 de Maio de 1950

DUAS “DANÇAS”

Danse Rituelle Du Feu, de Manuel De Falla, faz parte, como se sabe, do ballet O Amor Feiticeiro. É uma partitura de aceitação universal, muito aplaudida pelos conhecedores e pelos leigos, simples apreciadores de boa música.

Essa famosa partitura do festejado compositor espanhol tem tido várias edições fonográficas, tanto no original como em arranjos para piano. São conhecidas as execuções de Arthur Rubinstein, Alexander Brailowsky e José Iturbi, sendo que a deste último em interpretação bastante inferior à dos dois primeiros.

O disco que temos em mão, da Columbia francesa, nos proporciona mais uma gravação da Dança Ritual do Fogo, executada pelo pianista espanhol Roger Machado, muito conhecido e admirado na Europa, especialmente em Paris, onde se aperfeiçoou. De fato, pela interpretação dada a essa partitura de Manuel De Falla, pode-se avaliar a técnica superior desse pianista.

Manuel De Falla
Da gravação propriamente dita nada mais há que dizer, pois obedece ao padrão superior da Columbia francesa, não havendo estalidos, chiado excessivo ou as clássicas bolhas, reveladoras da má qualidade da massa.

Cumpre ressaltar aos amantes do disco que a Orquestra Pops, de Boston, sob a regência de Arthur Fiedler, também levou à cera, em disco Victor, a Dança Ritual do Fogo, que faz parte da última face dos três discos em que se acha gravado, pela mesma orquestra, o famosíssimo Bolero, de Ravel. A Pops empresta à música de De Falla uma das melhores execuções.

Na outra face do disco que vimos comentando, o pianista Roger Machado nos apresenta Villanesca (Dança Espanhola nº4), também de Manuel De Falla, magnificamente executada, tirando do piano uma bela sonoridade.

Oscar Carboni
Aqueles que admiram as belas execuções pianísticas não devem perder esse disco.

Na foto: Eis um respeitável rival de Carlo Buti no estilo stornello. O estilo stornello, como se sabe, são aqueles gorjeios que os cantores napolitanos imprimem à voz, exigindo grande habilidade e muita experiência. Em Nápoles, especialmente na zona portuária, os pescadores, cantores naturais, fazem torneios de stornello. Aquele que demorar mais dando gorjeios à voz, mas gorjeios bonitos e seguros, ganham a parada. Pois a Strada Delle Mimose é um stornello que Oscar Carboni, um dos mais aplaudidos vocalistas italianos, nos proporciona nesse seu novo disco para a Cetra. Na face oposta há uma valsa-canção: Al Viale Dei Collo.

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