sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Diário da Noite, 28 de Junho de 1950

INDÚSTRIA DO DISCO

Houve época em que a indústria do disco, no Brasil, se limitava a uma pequena fábrica no Rio de Janeiro. Ali, em seus estúdios, eram gravados discos com os artistas nacionais, isto é, com os radicados na Capital da República. Mais tarde, com o desenvolvimento industrial do país, outras firmas gravadoras instalaram suas fábricas no Brasil, mas sempre no Rio. Ali, se instalaram a Victor, a Continental, a Odeon e, mais recentemente a Star. Anuncia-se que a Capitol, por sua vez, está instalando a sua fábrica, que dizem ser de grandes proporções, no Rio de Janeiro.

São Paulo, entretanto, apesar de constituir o maior parque industrial da América Latina, só há pouco tempo despertou a atenção das firmas gravadoras para a instalação de suas modernas fábricas. É bem verdade que a Continental, já faz algum tempo, tem montada aqui a sua fábrica. Todavia só recentemente é que a RCA Victor e a Odeon se dispuseram a prensar os seus produtos em terras paulistas.

Recebemos, a propósito, em dia da semana última, amável convite do Sr. Aníbal Conde, diretor da Odeon, para uma visita às instalações da indústria localizada em São Bernardo do Campo. Como nós, outros jornalistas receberam igual convite, bem assim artistas, editores musicais, diretores de outras firmas gravadoras e pessoas de projeção em nossa sociedade. Era muita gente para anotarmos os nomes. Mesmo assim, constatamos a presença de Hebe Camargo e Norma Ardanuy, artistas das Emissoras Associadas, que gravam para a Odeon; o cantor Wilson Roberto, os editores musicais Vitale e Mignone, além de representantes de todas as casas revendedoras da cidade.

Propaganda com Gregorio Barrios
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A etiqueta Elite se fez representar pelos seus editores, entre eles o Sr. Alberto Ergas, que é o responsável pela sua parte artística. Gregorio Barrios e Fernando Albuerne eram os convidados de honra, como não poderiam deixar de ser, pois seus discos são largamente vendidos...

Para nós, que apreciamos os discos pelas suas qualidades técnica e artística, simplesmente, a visita nos foi proveitosa, pois ficamos conhecendo como se fabrica um disco, desde o preparo da massa (onde reside, talvez, o maior segredo da indústria), até o seu polimento e respectivo empacotamento. Emocionou-nos a seção de galvanoplastia, que constitui o coração da fábrica.

Ali, a gravação é submetida a um banho químico, baseado num sistema estranho e curioso da ciência eletrônica. Se algo falhar nesse “banho” tudo estará perdido e terá que ser feito de novo, pois as matrizes se estragarão.

Diário da Noite, 14/7/50
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As instalações da aludida fábrica são, com efeito, grandiosas e impressionaram a todos os que a visitaram naquela tarde fria. Um justo motivo de orgulho para o parque industrial de São Paulo, sem, ao dizermos isso, desmerecer as demais fábricas que formam a indústria do disco em São Paulo.


Na foto: Dos cantores populares da Itália, Carlo Buti é, talvez, o mais aplaudido e admirado. Seu estilo é inconfundível e simpático. É dos que não gostam de se esgoelar. Canta naturalmente e nisto, com certeza, reside o segredo do seu sucesso. Depois de nos brindar com aquela sua bonita gravação, Serenata Celeste, o vocalista volta a estar presente no suplemento Columbia para julho próximo, cantando Mosteiro de Santa Clara e Violeta, uma canção e um tango-serenata. Um bom disco, especialmente para os inúmeros admiradores do cantor italiano, que se encontra, atualmente, no Rio de Janeiro.

Casa Ricordi

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