domingo, 29 de dezembro de 2013

Diário da Noite, 18 de agosto de 1950

NOVIDADES

As firmas gravadoras já iniciaram as remessas de suas circulares às revendedoras, relacionando as novidades em discos a serem lançados na segunda quinzena de setembro próximo. A fim de que os leitores de “No Mundo dos Discos” fiquem a par dessas novidades, vamos resumir aqui os suplementos avançados das diversas etiquetas:

A Odeon, por exemplo, no repertório nacional, nos promete gravações de cartazes como Francisco Alves, Safira, ex-vocalista da orquestra de Carioca; Alcides Gerardi, Dalva de Oliveira, Risadinha, Zé Gonzaga, irmão de Luiz, o homem dos baiões; Vocalistas Tropicais, Muraro e, finalmente, Garoto e o seu espetacular bandolim. Francisco Alves nos dará uma nova versão da valsa de José Maria de Abreu e Francisco Matoso, já gravada por ele mesmo há muito tempo, intitulada Boa Noite, Amor, e a versão brasileira da canção de Bixio, Na Estrada do Bosque, que tanto cartaz deu a Gino Bechi. Safira, dona de uma voz bastante interessante, nos proporcionará o maracatú de Jorge Tavares e Geraldo Medeiros, Dance o Maracatú e o samba de Luiz Soberano e Jorge Gonçalves, Nosso Lar. Por sua vez, Alcides Gerardi, que no último suplemento nos deu uma bela versão do samba Maria, de Ary Barroso, secundado pelo coro dos Apiacás, nos oferece um fox e um samba, respectivamente intitulados Um Mês é Muito Tempo, de Iraní de Oliveira e Euclides Silva, e Jardim Sem Flor, de Waldemar Silva e Mary Monteiro. Secundada pela homogênea orquestra de Oswaldo Borba, Dalva de Oliveira comparecerá com mais um samba da absurda polêmica entre ela e seu ex-marido, Herivelto Martins, intitulado Errei, Sim, que leva a assinatura de Ataulfo Alves, e o samba de Alvarenga e Ranchinho, Segundo Andar. Risadinha, o simpático vocalista colored de São Paulo, está presente com um samba e um samba-choro: Comerciária e Vê Se Te Agrada, respectivamente de Carvalhinho e Mário Rossi, e Haroldo Lobo e Milton de Oliveira.

O compositor Abelardo Barbosa,
mais tarde o grande Chacrinha
Disco Voador e Alencarina Bonita, de Abelardo Barbosa e José Gonçalves, e José Amâncio e José Januário, um choro e um balanceio, respectivamente, é o que Zé Gonzaga e sua sanfona nos irá proporcionar. Quem é que Não Sente? e Desculpa, de Ataulfo Alves e Waldemar Teixeira, são os dois sambas que os Vocalistas Tropicais nos vão trazer. O Baião e o Moto Perpétuo com Muraro e grande orquestra, lançados com antecipação, já foram objeto de considerações por esta coluna. Garoto, o endiabrado bandolim que tantos admiram virá com o samba de Benedito Lacerda, Dinorá e com a valsa de Atílio Bernardini, Beira-Mar. Isso no que diz respeito à parte nacional. Longa é a lista das gravações internacionais da Odeon da qual se destaca o disco de Anton Karas, em solo de cítara, interpretando O Terceiro Homem e Valsa do Café Mozart, ambas as composições do filme O Terceiro Homem, que tanto sucesso vem alcançando na Europa, precisamente por causa dessas duas músicas, que são de autoria do próprio Anton Karas, que, nele, executou o solo.

Palácio da Música
Por seu turno, variadíssimo é o suplemento nacional da Victor. Assim é, que, encabeçando a lista, vamos encontrar a segunda gravação do novo Trio de Ouro. Paisagem Paulista e O Mar, um samba e uma canção, é o que ele nos oferecerá. Restinho de Amor e Beleza dos Teus Olhos, são os sambas que Nelson Gonçalves nos vai trazer. Migalhas e Copo D’Água são os títulos dos sambas que Linda Batista nos promete. Carlos Galhardo, com Foi Um Sonho e O Resto É Silêncio, uma valsa e um samba-canção, está presente na lista. Composições nas vozes de Gilberto Milfont, Isaura Garcia, Gilberto Alves, Quatro Ases e Um Coringa, Luiz Gonzaga, etc., também fazem parte do suplemento de setembro da Victor e só não o relacionamos aqui por absoluta falta de espaço.

Ainda não recebemos as listas da Elite, Continental, da Capitol, razão por que deixamos de a elas fazer referência. A lista da Columbia, bem assim a da Cetra, serão focalizadas juntamente com as demais, tão logo a recebamos.

Aníbal Augusto Sardinha, dito Garoto
Na foto: “Garoto” tem esse cognome porque começou muito cedo a atuar no rádio. Era realmente um garoto quando enfrentou, pelas primeiras vezes, os microfones. Hoje, todavia, ele já não é um garoto, como se pode notar pela fotografia. Já se notam sinais do tempo e seu rosto. Entretanto, “Garoto” continua sendo tão ágil nos dedos, ou mais, como nos seus tempos de garoto. Suas gravações são verdadeiras lições de bandolim e os admiradores desse interessante instrumento não perdem uma sequer, tão logo sejam colocadas nas revendedoras. Uma gravação de “Garoto” faz parte do suplemento Odeon de setembro próximo.

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