sexta-feira, 30 de maio de 2014

Diário da Noite, 18 de setembro de 1950

UMA SINFONIA

Num dos seus recentes suplementos, a Columbia incluiu uma gravação da Orquestra Sinfônica de Filadélfia, sob a direção de Bruno Walter, da Sinfonia em Fá Maior, nº6, opus 68, conhecida por Pastoral, de Beethoven. A gravação foi feita em cinco discos Columbia ingleses, de 12 polegadas, para mudança automática, que estão enfeixados em luxuoso álbum.

Os cinco movimentos da mencionada sinfonia estão assim divididos: 1º) – Allegro Ma Non Troppo (Alegres impressões suscitadas com a chegada ao campo); 2º) – Andante Molto Moto (Cena à beira de um regato); 3º) – Allegro (Alegre reunião de camponeses); 4º) – Allegro (Trovoada e Tempestade); 5º) – Allegretto (Canto dos pastores: Sentimentos de alegria e gratidão depois da tempestade).

A Sinfonia Pastoral, informa-nos Felix Borowski, foi composta em 1808 e executada pela primeira vez a 22 de dezembro desse mesmo ano, no Theater an der Wien num concerto dirigido pelo próprio Beethoven, em cujo programa só figuravam composições suas. Nos programas impressos distribuídos no concerto, esta Sinfonia figurava com o título de Memórias da Vida Campestre. Nos rascunhos, ela recebeu o título de Sinfonia Característica. Mais abaixo, vinha uma nota explicativa: “O ouvinte deve compreender as situações por si mesmo. Mais expressão de sensações do que de pinturas”. E acrescentou: “Quem já teve uma idéia da vida campestre será capaz, sem muitas indicações, de acertar com o que o autor quer dizer”.

Bruno Walter
A Pastoral é, com efeito, a expressão mais primorosa e magistral desse sentimento de felicidade e contentamento que o amante da natureza – e Beethoven era dela um grande apaixonado – experimenta numa excursão pelo campo. Os motivos usados são, aparentemente, os mais simples e demonstram a evolução de uma poderosa celebração.

Poderíamos, com Borowski, descrever os movimentos da grande Sinfonia. Não o fazemos por absoluta falta de espaço. Entretanto, cumpre ressaltar a execução da Sinfônica de Filadélfia, seguindo a batuta de Bruno Walter. Trata-se de uma interpretação apaixonada, impregnada de poesia da mais apurada sensibilidade. A capacidade da regência de Bruno Walter, nesta gravação, se apresenta em toda a sua exuberância.

Leopold Stokowski
A gravação foi feita nos Estados Unidos, em 1946, depois, portanto, de a mesma orquestra haver gravado a mesma Sinfonia, com Leopold Stokowski na regência, para fazer parte do filme Fantasia, de Walt Disney, atualmente em reprise nas telas dos nossos cinemas. É uma gravação de alta qualidade e ótimo material, aliás, comum nas gravações da Columbia inglesa, quase isenta de chiados e estalidos provocados por bolhas, comuns nos discos nacionais, possibilitando, assim, uma audição límpida e fiel.

Na foto: Francesco Albanese, sem favor nenhum, é um dos mais perfeitos intérpretes da canção italiana. Dono de uma tonalidade vocal de grande melodiosidade e extensão, interpreta as canções napolitanas de forma admirável e a elas dando um toque todo pessoal. O prestigioso tenor peninsular conquistou tamanha popularidade entre nós que a Cetra, da qual é artista exclusivo e cujas gravações são distribuídas no Brasil pela Continental, inclui em todos os seus suplementos vários discos seus. Em sua última lista, por exemplo, a aludida etiqueta italiana apresenta, na voz de Francisco Albanese, as seguintes canções napolitanas: Passioni, Maria Cristina, O Sole Mio, Surdato Namurato, A Canzone e Napule, Napule Bello, Adio Mia Bella Napoli, Mamma Mia Che vó Sapé, Pecché, Mandulinata a Surriento, Finestela Senza Sole e Piscatore e Pussileco.

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