sexta-feira, 30 de maio de 2014

Diário da Noite, 20 de setembro de 1950

NOTAS E INFORMAÇÕES

* Venâncio e Corumbá, dupla de caipiras pertencentes ao cast das Emissoras Associadas do Rio de Janeiro, foi contratada pela Capitol, tendo já gravado vários números de sua própria autoria: Tempo de Molecote, Lembrando o Sertão, Baião de Viola e Cocota. Os três primeiros são baiões e o último rancheira.

* A propósito da já lendária melodia de Anton Karas, O Terceiro Homem, à qual fizemos referência em nota anterior, soubemos que a gravação da Victor foi feita pela famosa orquestra de Freddy Martin, que introduziu em seu conjunto várias cítaras. A novidade desta gravação de O Terceiro Homem, na versão de Freddy Martin, é que há um refrão vocal, coisa inexistente nas demais gravações da melodia em questão.

* Orlando Silveira, um dos mais competentes acordeonistas da Paulicéia, pertencente ao regional de Rago, levou ao disco o choro Indeciso e a valsa Lembrança do Passado, em gravações Continental. Dada a popularidade de Orlando e a felicidade com que foram feitas as gravações, é de augurar-se grande sucesso a esse seu disco.

Venâncio e Corumbá
* O único disco mexicano do suplemento Victor para outubro é de responsabilidade de Tito Guízar. As melodias que ele nos oferece têm os seguintes títulos: Solo Tú e Mis Flores Negras. São dois boleros, cujos autores são, respectivamente, Agustín Lara e F. Moreno.[1]

* Zé Gonzaga, irmão de Luiz, “o rei dos baiões”, gravou para a Odeon o choro Disco Voador, de Abelardo Barbosa e José Gonçalves, e o balanceio Alecarina Bonita, de José Amâncio e José Januário. Como a família dos Gonzaga é tradicionalmente da sanfona, Zé não nega a raça. Toca sanfona como gente grande, especialmente na face do balanceio.

* Para os que gostam de solos de pistão a Todamérica tem programado em seu primeiro suplemento um disco gravado por Pedroca, interpretando os chorinhos Ando Preocupado e Nena.

Abelardo Barbosa, compositor de "Disco Voador", em parceria com José Gonçalves. O "Chacrinha" que o Brasil conheceu e amou durante décadas ainda estava no embrião

* Uma novidade irá apresentar a Victor dentro de algumas semanas: Levou aos disco aquela interessante novela infantil que deliciou a nossa infância, A Galinha dos Ovos de Ouro. Por gentileza da gravadora em questão ouvimos a prova e ficamos bem impressionados. O elenco de rádio-teatro da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, foi o responsável pela interpretação. Em próxima nota teceremos considerações sobre esse disco.

* Alberto Rabagliati, ex-vocalista do conjunto Lecuona Cuban Boys, ultimamente gravando muito, levou à cera dois conhecidos sucessos: La Vie En Rose e La Mer. Gravações Cetra.

Waldir Azevedo
* Um cavaquinho tocado com maestria é uma delícia ouvir-se, especialmente quando dedilhado por um Waldir Azevedo, que já nos deu várias gravações de alto padrão, no gênero. Agora, ele vem de gravar para a Continental outro disco que encerra dois magníficos choros, um dos quais, Quitandinha, constitui um autêntico espetáculo. Vai por mim, choro de Francisco Sá e Risadinha do Pandeiro, faz parte do verso do disco.

Na foto: Safira, a ex-vocalista da orquestra de Carioca, já gravou diversos discos para a Odeon, cada um melhor que o outro. Apesar de já atuar há algum tempo no rádio, só agora, através dos seus discos, começou a ser notada. Tem uma voz bonitinha e canta com noção de ritmo e com muito sentimento. Suas últimas gravações, constantes do disco a ser lançado talvez esta semana, são: Dance o Maracatú, de Jorge Tavares e Geraldo Medeiros, e Nosso Lar, samba de Luiz Soberano e Jorge Gonçalves.


[1] Moreno foi o arranjador. A canção é de Júlio Flórez.

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